Antes de relatar minha história, gostaria de dizer que percorri vários outros desabafos na procura de encontrar histórias parecidas com a minha, e elas existem. Virtualmente não estou só, mas na vida real conto com poucos amigos, e os que tenho infelizmente não consigo me abrir. A única vez que contei para alguém tudo o que me aconteceu, foi quando procurei a ajuda de um profissional da área de saúde. Por isso resolvi escrever o que estou sentindo atualmente para quem sabe alguém possa me ajudar.
Lembro-me vagamente de ter sido beijado e abraçado por alguém que pelo tamanho deveria ser adulto, mas não sei dizer que idade ele tinha, sei que era um vizinho, também não sei quantas vezes isso se repetiu, pois essa lembrança remonta a minha primeira infância, eu não tinha mais que cinco anos. Passado algum tempo, mudei de endereço e na convivência com outros meninos o meu pesadelo começou. Em algumas brincadeiras, não foram mais que três vezes o meu destino foi traçado. Até que um deles me explicou o que era ser “viadinho”. Eu tinha entre oito ou nove anos e comecei ali a sofrer sozinho. Tranquei-me dentro de casa, dificilmente colocava a cabeça do lado de fora, a não ser para ir a escola, ou para comprar alguma coisa que minha mãe me pedia. Mesmo assim ia com um medo terrível, de que aqueles meninos estivessem por lá e falassem qualquer coisa. O medo fez parte de minha infância. Aos onze, comecei a praticar desportos e isso me deu a chance de sair um pouco de casa, mas a convivência com outros garotos sempre foi difícil, pois aquele fantasma me perseguia. Sempre me achei menos menino que os outros meninos, não sentia atração por eles, apenas me sentia inferior. A adolescência foi chegando, as perguntas foram surgindo, e as respostas simplesmente não existiam. Tinha vergonha do meu corpo, fazia de tudo para não ter que me trocar no vestiário. E assim o tempo foi passando, um medo absurdo, quase surreal, me impedia de levar a vida como qualquer outro garoto. Foram longos anos nesse endereço, e o interior da casa era meu refúgio. .
Não posso dizer que sentia atração por outros garotos, eu sentia mesmo era inferioridade. Acontece que isso em contrapartida determinava uma complexa situação com o género oposto. Se eu me sentia menos que os outros rapazes, então tinha medo de me relacionar com mulheres, pois eu acreditava que elas iam perceber que havia algo errado em mim. Agravando ainda mais a história, meu pai sempre foi autoritário, expulsou meu irmão de casa bem no começo de minha adolescência, simplesmente porque meu irmão queria que minha se separasse dele, por conta da vida extra-conjugal que ele levava, e pelas dificuldades que nos deixava passar. Enfim, mais uma barra para ter que enfrentar. Lembro-me bem do dia que meu pai expulsou meu irmão, que era a única figura masculina que tinha como referência. Chorei sozinho na cama, escutando toda a discussão. Meu pai quase não ia em casa, quando estava, mal dizia uma palavra, nunca fez um carinho, o único abraço que lembro de ter dado nele foi no dia de minha formatura.
Assim fui vivendo, trancado em casa negando uma suposta homossexualidade e incapaz de me considerar homem suficiente para encarar um relacionamento hetero. O tempo foi passando, outros sofrimentos foram surgindo, todos vinculados a essa condição. Não tive vida social, não fui a festas, a shows, não fiz amigos. Entrei na universidade. Mas um tempo de dificuldades e de luta. Tentava fazer tudo normal, mas eram tantas dificuldades que não relaxava um segundo. Consegui desfrutar da amizade de uma estudante do mesmo curso. Conheci a irmã e foi com ela que aos 25 anos tive minha primeira relação sexual com mulher. Nunca tinha sequer beijado alguém. Foi bom, mas estava tenso. Repetimos outras vezes, mas não namoramos. A primeira namorada veio aos 27, a segunda aos 29. E aos 30 minha primeira relação sexual com um homem. Lembro-me bem do outro dia. Eu me senti aliviado, parecia que tinha me livrado de um fantasma que me perseguia, que era exatamente essa tão protelada primeira vez. Não foi ruim, fui somente ativo mas senti um certo desconforto em estar ali. Um ano depois numa viagem que fiz surgiu uma outra oportunidade e dessa vez resolvi ser passivo, e percebi naquele dia que ali eu realmente não me identificava. Mesmo assim foi muito bom ter experimentado, pois também me livrei dessa ideia fixa. Dali por diante as coisas foram melhorando. Já estava mais seguro, os medos estavam diminuindo, mas ainda enfrentava dúvidas, pois ao mesmo tempo que conseguia me relacionar com mulheres, sentia uma falta de me relacionar afetivamente com um homem. Ainda que nunca tenha procurado um namorado. Aliás seria impossível encontrar, tão fechado que eu fiquei.
Hoje estou bem mais convicto do que eu quero, mais tranquilo e mais certo da minha identidade de género. A minha preferência sexual é por mulheres, mas mantenho sempre um desejo também por homens, ainda que passe longos períodos sem transar com um. Já fazem três anos que estou com minha atual namorada, gosto muito dela e ela de mim. Infelizmente já sai com alguns caras nesse tempo, mas isso muito esporadicamente, não me sinto bem fazendo isso. Resolvi que quero tê-la como esposa. pois já estou com 42 anos e quero ter uma família. E aí vem minha dúvida, o que eu faço, conto ou não conto? Mantenho-me calado e fico sofrendo por não assumir a minha condição perante a pessoa que amo? Ou fico quieto e dou um de sacana e saio para algumas aventuras quando sentir vontade? Espero contar com sua opinião, ela será bem vinda, preciso de um feedback para decidir o que vou fazer.
Sinceramente não acho que você seja bi. Tudo começou com os seus terrores na infancia e pela infeliz ‘definição’ de um coleguinha tão garotinho quanto com você na época. Digo infeliz pois não creio que o seu amiguinho estivesse capacitado para definir homossexualidade, e nem você, então, de definir-se como tal. E é claro que isso virou um monstro na sua vida. Suuponho então que esse fantasma o tenha perseguido tanto e tanto que, não podendo ‘vencê-lo’, ‘uniu-se a ele’. Prova disso são os desconfortos que sentiu aos primeiros contatos com homens, somado aos contatos posteriores com mulheres que o agradaram desde sempre ao que parece. E de todo modo alguma tensão no primeiro contato com mulheres é normal em qualquer homem.
Talvez não devesse mais ‘temer’ o fantasma da homossexualidade. Bem sabe que poderia talvez facilmente apenas não mais relacionar-se com homens, pois talvez não seria imperioso na sua vida fazê-lo. Poderia inclusive colocar isso em teste, abstendo-se.
Acho que sai com homens por admirar a Masculinidade propriamente, coisa que pensou que não possuia; mas o tempo e a experiência com mulheres mostrou que sim.
Enfim um pouco de ‘treino e de esforço’ talvez deixassem o fato de relacionar-se com homens no passado. Seria talvez o caso de testar com bastante empenho e possuindo o real desejo para tanto.
Para isso pode e deve contar com a ajuda de profissionais se o caso. O seu urologista muito pode fazer, indicando inclusive um profissional especializado na área emocional para acompanhá-lo em tudo caso seja necessário. E nada seria perdido, aliás. Lá mesmo, nessas aborgadens, ouviria sobre contar ou não à noiva/esposa sobre o tema, e sugestões para o modo de revelar se o caso.
Não tema mais os fantasmas da infancia. Hoje você é um homem feito. O que os garotinhos diziam era apenas o que garotinhos, em sua pouca sabedoria, aos costumes sempre dizem. Não tema, não sinta raiva e não se envergonhe de nada, tampouco da sua inocencia de então. Confusões fazem parte da infancia sempre.
se há amor entre voces, deve ser sincero e respeitarem-se mutuamente
Conte para ela, quem sabe ela seja bissexual também.
Eu não preciso terminar de ler seu post para lhe dizer que você não é bissexual, aliás, você mesmo afirma isso ao dizer que não sente atração por outros homens. O que ocorre é que você tem baixo auto-estima, provavelmente decorrente do que você sofreu durante a infância. Você mesmo está respondendo as suas questões, preste atenção no que escreveu e perceberá que você já tem a resposta, basta agora pensar em como resolvê-los. Mas respondendo a sua pergunta, mesmo se você fosse bissexual, você não teria obrigação de contar isso para a sua namorada. Você pode ser honesto com ela se a mesma lhe perguntar, fora isso, não vejo motivos para você contar a ela. Espero ter te ajudado. E fica aqui um conselho: procure o auxílio de um profissional, como o psicólogo, por exemplo, para lhe auxiliar. Abraços.
Obrigado pelas respostas, só não entendi mesmo : “aff mas que isso”.
Erika, reli o que escrevi e o texto infelizmente é limitado, ainda que seja extenso. É quase impossível descrever com exatidão a sequência dos fatos, ou a expressão dos sentimentos e desejos. Quero explicar a você e a “S”, que hoje em dia, a importância do rótulo que alguém possa me dar tomou uma dimensão bem menor na minha vida, que aquela que tive que conviver no passado. Portanto, quando afirmo ser bi, não estou assumindo o papel que querem me imputar, mas aceitando conscientemente a minha condição como ser capaz de gerir a minha individualidade.
Posso afirmar que não me sentiria mais feliz não sendo bi. Acredito na diversidade, acredito, também, na influência do meu passado na pessoa que me tornei. Mas será impossível apagar o que se passou. Não dá mais para mecher em nada, apenas posso criar uma nova história. Por isso tenho que decidir no presente as escolhas que preciso fazer.
Erika, concordo com você, pois não me sinto obrigado a contar nada, mas como “ainos” disse, se há amor deve haver sinceridade. E é o que tenho tentado fazer. Ser o mais sincero possível não apenas com ela, mas também comigo mesmo. Queria muito dividir a vida com alguém que me aceitasse como eu sou, e não como eu tenho que ser.
“K”, não quero contar para poder viver aventuras com ela. Não quero que ela aceite uma vida paralela, quero que ela apenas conviva em plenitude com a minha história de vida, com a minha essência. Ela é a única pessoa que desperta em mim a vontade de não me esconder. Quero estar com ela por completo, apenas ainda não tive coragem de me colocar em suas mãos.. Mas tenho receio de que esteja passando para ela parte de um peso que é meu e que eu deveria carregar.
Sem mais .
numa relação é suposto dividirmos as coisas, sejam boas ou más.. por isso não há peso seu que ela va carregar. é peso dos dois.. há maneiras e maneiras de explicar as coisas. experimente uma com calma e boa sorte ;)
Guto,
Fico feliz por aceitar-se e acreditar na diversidade, inclusive na sua própria. Isso como suprime de algum modo as duvidas e as divisões interiores, fornecendo todas as diretrizes para condução diante de quaisquer situações da vida. Parabéns pela visão e segurança que possui! Então, se o caso, somente espero que a sua parceira possa ser tão igualmernte abençoada em serenidade e em aceitação. E quanto a você, concluo que seja qual for a rota que seguir, será bem-sucedida.
Não acho que seja uma boa você falar ,sinceridade é importante,más nesse caso você não poderá no futuro talvez dizer a ela que está num
bar bebendo com um amigo ou simplesmente conversando sem
beber,pois ela vai achar que você está com um homem e você é gay o na
moro é bom más o casamento é muito complexo deixe as coisas fluirem .quem nunca amou alguém não conhece direito,seus ciumes
nao faz diferença para ela saber sua sexualidade a menos que você queira fazer threesome com ela e outro cara,sinceramente..nao se meta em confusao,nem todo mundo entende e você pode perder o amor da sua vida,vc fala sou bi e ela entende ”qero te trair com outro assim que possivel”,nao se meta em problemas meu amigo
Já faz quase 3 anos a sua postagem. Então, como está sua vida? Conseguiu resolver essa situação? Se não, busque ajuda psicológica novamente. Você é bastante claro sobre o que se passa consigo, e isso já é um imenso passo. Abraço!
Sou hétero e dotado. Meu maior fetiche é sair com casais, pois gosto de seduzir a esposa na frente do marido.
Quatro desses casais, os maridos ( diziam ser héteros ) tinha a fantasia de chupar um homem junto com a esposa.
Foram experiências deliciosas, pois eles além de chupar, lambiam e acariciavam meu saco deliciosamente enquanto as esposas cavalgavam ou metiam de ladinho comigo.
Sinceramente. Termine com essa moça! Não faça-a a sofrer,seria bem melhor se você se casasse com um homem e adotasse um filho. 👍🏻 Pense nas doenças que você pode passar para essa moça..e você mesmo disse que já traiu ela,.cara, que nojento.
Seja sincero consigo mesmo e vá procurar um homem.
Querido, você sofreu abuso na infância e sua atração por pessoas do mesmo sexo veio daí, não surgiu naturalmente.