Toda vez que eu saio com minhas amigas é a mesma coisa, minha mãe não cansa de brigar comigo, ela já começa brigando na hora que eu saio falando que não sei para quê que eu saio, que meu lugar é dentro de casa, depois, quando da 22h eu já fico incomodada porquê eu sei que ela vai ligar( ontem foi pior, ela me ligou 21:40), nunca posso me divertir, eu estava no restaurante com minhas amigas, comemorando porque uma amiga que mora em em outra cidade veio passar uns dias aqui, poxa são mais de 10 anos de amizade e eu não vou sair? Eu quase nunca saio para poder evitar esse constrangimento. Eu tenho aula o dia todo hoje e a única coisa que eu queria era poder dormir um pouco mais, mas ela chegou 6:25 da manhã e me acordou na maior ignorância, me xingando toda, puxou a coberta bem forte, automaticamente meu coração acelerou parecendo que estava saindo pela boca, disse que ela não dormiu nada a noite toda me esperando( 1º, eu cheguei 23:30 e 2º, quando eu cheguei ela estava dormindo) e a forma como ela me esculhamba é como se eu tivesse na rua fazendo as piores coisas do mundo. Eu não estava matando nem roubando ninguém, eu só estava tentando me divertir. Minha vida é um inferno, eu me mato de tanto estudar para tirar notas boas, na maioria das vezes deixo de sair com minhas amigas por causa das brigas de minha mãe, não tenho namorado pelo mesmo motivo e para piorar a situação eu tenho um peso mais elevado que na maioria das pessoas, o que me mantém para baixo e com a autoestima zero todos os dias, cada dia mais me sinto mais depressiva, mas ela não enxerga isso é acha que minha vida é muito boa. Eu tenho 22 anos e sempre foi assim, por que a minha vida é desse jeito, porque isso tem que acontecer comigo? Pq minha vida tem que ser tão sem sentido assim?
Oi, eu tenho 40 anos e vivo a mma coisa. Minha mãe só ficou Feliz depois de EU me separar do pai das minhas filhas. Voce é filha unica?
(Parte 1) A vida não tem que ser sem sentido não. Vi que você escreveu há três anos, mas vou deixar registrado aqui de qualquer forma, e às vezes isso pode apoiar mais alguém. Sair de perto é fundamental. Não é romper, não é fingir que a mãe não existe, é sair de perto mesmo, sair do raio de influência. É possível fazer isso tendo algum dinheiro, mas nem precisa ser muito. Se estiver trabalhando, melhor. Lembro que arrumei um contrato temporário e comecei a procurar pensões. Até que consegui um contrato de estágio de dois anos pela universidade (estava indo para o terceiro ano), o que me trouxe mais segurança para sair, e consegui um espaço na moradia estudantil. Foi a melhor coisa que fiz. Isso foi há exatos 13 anos. As brigas continuaram, a relação continuou insalubre. Quatro anos atrás parei de visitar a casa da minha mãe e, há dois anos, nos vimos pela última vez, e foi muito ruim. Recentemente me posicionei em relação à estranha qualidade de nosso vínculo, minhas palavras foram interpretadas de maneira ruim, e então tive um estalo: só ficar longe não basta, é preciso deseducar-se da educação aprendida em casa.
(Parte 2) Eu voluntariamente chamava de amor o modo como minha mãe e meu irmão agiram comigo a vida inteira, de modo que aprendi a agir como eles, por mais que a forma de tratamento recebida tenha me feito sofrer, por mais que aquilo soasse mal. E foram as pessoas que passaram pela minha vida que me mostraram que aquilo que aprendi em casa era inaceitável. Porque quando eu falava ou agia com essas pessoas do mesmo modo que agiam comigo na casa da minha mãe, imediatamente me falavam “Carol, não quero mais sua amizade”, “Não fale mais comigo” etc. Passei anos achando que aquilo era frescura, afinal, eu passava por aquilo todo dia e no entanto seguia viva e amando minha família. Agora que está claro para mim, agora, 13 anos depois de sair da casa da minha mãe, que não existe esse negócio de decisão individual. Tudo que a gente sustenta, todas as decisões inclusive, têm efeito no coletivo. Quando a gente aceita ser maltratado, isso uma hora vai bater em outra pessoa que não tinha nada a ver com a história. De modo que o afastamento não é uma decisão individual, pois estamos visando um benefício que se estende para além de nós.
(Parte 3) Para mim tem sido fundamental examinar as atitudes e identificar onde minha família acaba e eu começo, e é pelo exame das atitudes que eu tenho buscado me despojar das heranças (posturas) desfavoráveis que, por assumir desde criança, eu achava que faziam parte da minha personalidade, mas na verdade foram aprendidas. Passei décadas vivendo de modo a agradar minha mãe, como muitas outras filhas também relatam pela internet, e, de tanto obedecer aos comandos dela (nunca deixando de ser hostilizada, porém), só muito recentemente percebi que abri mão de viver UMA VIDA ÉTICA. Agora que eu “caí em si” rs, DECIDI me responsabilizar pela minha existência, por meus infortúnios e êxitos em igual medida, e agora, pela primeira vez na vida, tenho uma forte impressão de sentido, e tudo tem ficado mais interessante. Espero que meu relato dê força e ânimo a quem está precisando de um apoio, uma palavra amiga. Gente, vida-ética e obediência-à-insanidade-materna não combinam!! Fica a dica!