Gente gostaria de uma ajuda. Como lidar com pai machista religioso? Eu queria muito sair no meu aniversário de 22 anos para uma boate onde moro com minhas amigas e amigos. Mais meus não deixam, causam um transtorno gigante por causa disso, uma coisa muito em minha opinião. Não sei como conversar com eles sobre são muito intransigentes. Meu pai é do tipo que acha que quem sai a noite é piranha e que moça direita não chega tarde em casa. Sou uma moça errada só quero sair com meus amigos, toda vez que saio é escondido. E quando descobrem por pessoas fofoqueiras parece até que fui ao puteiro. Não quero ficar mentindo mais porque tem fofoqueiros que contam e porque essa situação é desnecessária, mais não sei quais argumentos usar mais com eles, por favor me ajudem!!
Cara amiga anônima,
Consigo imaginar o seu sofrimento e indignação, bem como o desconforto de viver sentindo-se violada em sua liberdade individual na sua própria casa. O ser humano é de uma riqueza criativa impressionante, embora tal atributo resulte em façanhas admiráveis, como efeito adverso é responsável por construções afetivo-ideológicas complexas e muito bem estruturadas. A grosso modo significa que todo esforço empregado com objetivo de mudar o outro é geralmente improdutivo. Você não poderá mudar seu pai, nem suas convicções, nem sua forma de lidar com o mundo externo, o que inclui você. Nesse caso, a alternativa viável é você aprender lidar com a situação e mudar a forma como se relaciona com esse pai. Como você está morando na casa dele, é de bom tom que se respeite seus valores. Nesse caso, havendo conflito de visão de mundo insolúvel, você deve investir esforços em captar recursos que tornem possível mudar de casa, ter seu próprio espaço onde poderá vivenciar sua liberdade sem influência de terceiros. Cogite a ideia de dividir moradia com alguém com quem tenha afinidades.
Gostei da ideia e estou em busca disso, porém precisa ser bem planejado. A começar pelo mínimo de renda que devo ter que é o primeiro obstáculo. Até porque morar sozinha ou com alguém vem com muitas responsabilidades. O que gostaria realmente era melhorar essa convivência, mais que se torna inviável não me resta outra alternativa, já tentei milhares de vezes conversar mais não rola.
Fico realmente feliz com a notícia! Não há como mudar as coisas do dia para noite, mas o tempo é um habilidoso obreiro. Faz bem em evitar o conflito; discussões só se justificam quando há maturidades nas duas partes e abertura para compreender aquilo que é diferente das próprias convicções. O pensamento religioso é dogmático, então o diálogo com um religioso é sempre muito improdutivo. Investir na redução de danos foi uma ótima estratégica; sem confrontá-lo, adotando a atitude de ouvinte, você reduz as arestas na relação.
Por outro lado, você poderia também experimentar expressar o carinho e amor que tem pela sua família. Ao mesmo tempo que é transparente, dar um abraço caloroso, olhando nos olhos e dizer: pai, eu amo você, nunca vou te decepcionar, é uma boa forma de melhorar o convívio. Obviamente, só faça isso se for reflexo dos seus verdadeiros sentimentos.
Às vezes, o carinho, o amor, atitudes de acolhimento conseguem amaciar o coração mais rígido. Tenta compreender o que o leva a ser tão intolerante: é uma afetividade ligada a forte convicção religiosa. No final das contas, ele quer agradar ao Criador, quer que você consiga ir para o Céu, etc. Por mais que você não compartilhe do mesmo entendimento que ele, se conseguir compreender os sentimentos dele, ao demonstrar carinhosamente que você o compreende e que também quer o melhor para ele, mesmo sendo diferente, isso ajuda a construir um ambiente favorável à tolerância.
Bom receber seu feedback! Voltarei a essa página no dia 29/12, antes de sair de viagem.
Abraços!